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Reis Do Futebol: Neymar

Neymar ainda dispõe de tempo para levar ao futebol imagens jamais vistas. Talento não lhe falta

Neymar Rei

Antes da Copa de 1958, vendo Pelé marcar quatro vezes contra o América carioca, no torneio Rio-São Paulo, Nelson Rodrigues estabeleceu uma comparação entre o rei que entronizava – Pelé, aos 17 anos – e os outros jogadores em campo – plebeus. Possível que tenha sido a primeira vez que alguém percebeu que Pelé levava uma coroa na cabeça para diferenciá-lo dos demais jogadores. Depois, foram os franceses que, em 1961, sem fazer cerimônia, nomearam-no, para sempre, o Rei do Futebol.

A justificativa para o reinado precoce nunca me convenceu totalmente.

Porque era muito jovem e fez 03 gols na final da Copa de 1958?

Porque não parou de arrasar defesas até 1961, quando a imprensa francesa lhe propôs a nobreza?

Por que enganava a todos com suas fintas diabólicas?

Por que os franceses já estavam de olho nele desde a Copa de 1958 quando, diante dos três maiores jogadores que já haviam visto jogar (Didi, Garrincha e Pelé), um garoto se destacou, um palmo acima?

O deslumbrado Nelson Rodrigues percebeu samba novo batendo o bumbo nos campos de futebol. Os franceses, que alguém estava a reescrever a história, dominando completamente tudo aquilo que se conhecia e apresentando linguagens novas. O passe sem erro já era uma linguagem conhecida, afinal, no Brasil mesmo, já havia jogado Domingos da Guia, para ficarmos em um exemplo apenas. O drible de Zizinho, a cabeçada de Ademir, a bicicleta de Leônidas, a concentração de Fausto, o lançamento de Nilton Santos, tudo o que se fez perfeitamente, aqui e alhures, Pelé repetiu. O reinado se fez merecido, porém, pelas linguagens inovadoras. O drible de corpo, o cabeceio para o chão, os gols em profusão, a condução da bola em grande velocidade, somadas a algumas sílabas inéditas, justificaram a pressa dos franceses?

Como se Pelé resumisse nele tudo que se acumulou no esporte e, a cada partida nova, reinventasse o futebol. Em verdade, Pelé estava além dos planos e da imaginação de quem inventou o futebol. O início do esporte bretão deve ter sido um balão para o alto, amistoso ou campeonato. Aí, surge Pelé. Vai fazer o quê.

Aqui no blog, há uma seção para os reis do futebol. Pelé vai dizer que é o único, mas não é justo. Deixaremos ele com o cetro maior e chamaremos outros de rei também. Garrincha, Didi, Rivelino, Tostão, Ronaldo e Romário não são reis?

Tanto são que Garrincha, Didi e outros fenômenos já conquistaram uma crônica, o nosso troféu particular. Os outros reis, brevemente ganharão o seu por aqui.

Mas qual é a justificativa para entronizar Neymar agora?

Ele não é nenhum Pelé, mas isso, definitivamente, não o deprecia. Messi não é nenhum Pelé, Maradona também não, nem Beckembauer.

Como esse critério não exclui, poderíamos pensar em outros. Vamos esperar mais o desenvolvimento da carreira, para ver como ele se comporta. Fazer um balanço de títulos conquistados lá na frente, quando encerrar a carreira. Esperar seu protagonismo em uma Copa do Mundo. Ser escolhido o melhor jogador do mundo.

Para sermos justos, motivos para não incluí-lo agora em nossa galeria de astros-reis não faltam e nada nos custaria aguardar um tempo antes de lançá-lo às feras palacianas e castelísticas.

Venhamos e convenhamos. Não é justo mais aguardar. Se os europeus franceses, PSG à frente, os espertos compradores de jogadores latino-americanos, colocaram uma coroa de ouro e diamante em sua cabeça, com o valor inédito de um bilhão de reais, seremos nós, fãs do boleiro brasileiro, a obstaculizar seu acesso ao trono?

De jeito nenhum.

Com 17 anos, Neymar já marcava gols pelo Santos, o mesmo clube de Pelé. Quando saiu do Santos, aos 21 anos, já era tricampeão paulista, campeão da Copa do Brasil, da Libertadores, artilheiro de Campeonato Paulista, da Copa do Brasil e da Libertadores, melhor jogador do Campeonato Paulista, do Brasileiro, e da Libertadores. No Barcelona, foi campeão da Champions League e seu artilheiro, duas vezes campeão espanhol e campeão mundial de clubes. Pela Seleção Brasileira, levou a Copa das Confederações e a desejadíssima medalha de ouro olímpica. É o quinto maior artilheiro da Seleção, com 52 gols. Até o final da carreira, pode superar Pelé, com 95 gols. O segundo é Ronaldo, com 67 gols. Na fila, Zico e Romário. Os 03 últimos, com certeza, Neymar passa. O desafio será tirar a liderança de Pelé. Será que consegue?

Ele só leva a vida há 25 anos. Tem muito chão e muito grama pela frente.

O gol que colocou Neymar no radar dos grandes clubes e o tornou mundialmente conhecido, seu primeiro prêmio Puskas, contra o Flamengo, está guardado na galeria dos grandes gols da história. Veio driblando lá da ponta esquerda, tabelou, aplicou um drible da vaca antológico no zagueiro Ronaldo Angelim e completou de 03 dedos.

O gol feito contra o Villarreal, na Espanha, quando chapelou um zagueiro de costas e marcou sem que a bola caísse no chão foi outro prêmio Puskas de gol mais bonito do ano, só que este não concedido. Um absurdo.

O que se revela nos dois gols?

Nada de substantivações abstratas fáceis, tipo 'magia', 'maestria', 'alegria'. Em verdade, Neymar estava inaugurando linguagens, um feito raro, já que Pelé esculhambou esse recurso, levando quase todos os livros publicados sobre o assunto para casa.

Ainda pronto para fazer muita coisa, não se tem ainda noção do tamanho que Neymar vai alcançar no futebol. Se for campeão do mundo, entra na galeria dos maiores jogadores brasileiros de todos os tempos, com poucas companhias, mas, se passar em branco, o status cai muito. A medalha olímpica vai segurar um pouco a sua onda, se o Brasil não ganhar muitas, de agora em diante.

O que nós estamos falando aqui é de talento para produzir coisas novas, reinventar e inventar linguagens. Levar ao futebol imagens jamais vistas. Talento para isso, Neymar tem. Mais que Messi, Cristiano Ronaldo e outros contemporâneos. Aliás, fosse talento a única medida do futebol e ele iria muito longe, passos atrás apenas do rei maior.

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