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Planejar, Desenvolver, Sustentar

A falta de planejamento nos coloca em um mercado escuro, sujeito aos negócios de ocasião. Planejamento se torna uma abstração frente à realidade diária do Estado e sociedade. É o modelo de gestão de agonias. Cada dia tem a sua. Nesse modelo vige uma única certeza: amanhã tem uma agonia.

Foi o gênio sair da lâmpada e os países ficaram maravilhados.

- Voltei.

O saco que pendurava em suas costas se abriu, em um passe de mágica. Três garrafas pularam de dentro do saco e subiram à cabeça do gênio.

- Tenho três garrafas para cada um. Na primeira, o país coloca seu sonho. Na segunda, seu plano para alcançá-lo. Na terceira, como vai executar o plano. Vou começar pelo Canadá...

O gênio parecia um trapalhão, mas sua fama abortou a resistência, mesmo a norte-americana.

- Meu sonho é ser um Estado economicamente independente dos Estados Unidos.

Estados Unidos se levantou, para protestar. Dominando a situação, o gênio fez sinal para que se calasse.

- Agora, a Inglaterra...

Entusiasmado com a autoridade do gênio, a Inglaterra não foi nada humilde:

- Quero os Estados Unidos de volta.

Estados Unidos caiu na gargalhada, mas se recompôs, ao observar a cara fechada do gênio.

- Japão – continuou o gênio.

- A China me basta, senhor. Meu único problema é o tamanho do território. Com a China, resolvo isso.

- E a França...

- Queremos reinar sobre a Europa, de uma vez por todas.

- E você – apontou para os Estados Unidos.

- Quero nada, não. Do jeito que está, me viro bem.

O gênio pensava em passar à segunda pergunta, quando viu o Brasil:

- Por que esta posição tão escanteada e humilde?

- Porque não tenho utopia, gênio.

A sinceridade do Brasil desconcertou o gênio, a América, a Europa, a Ásia.

- Como assim, não tem utopia?

O recurso à parábola e a sonhos nos serve à crítica que vamos fazer: qual foi o gênio que encerrou numa lâmpada o planejamento nacional e depois se escafedeu? O Brasil está diante de uma situação na qual ninguém perscruta o futuro, ninguém tem a menor ideia daquilo que desejamos ser em vinte, trinta ou cinqüenta anos. As pessoas desejam ser felizes, casar, ter filhos, comprar uma casa, um carro, assim como os países planejam algo. Os países que nada planejam se oferecem aos proxenetas do planeta, onde a prostituição – de luxo, no nosso caso - e a corrupção comem soltas.

Nos últimos trinta anos, os países se definiram por uma nomenclatura comum de representação do futuro que é o desenvolvimento sustentável. Substituiu-se ‘planejamento’ por termo mais moderno. Desenvolvimento sustentável ou planejamento são lados de uma mesma moeda, que buscam prospectar o futuro ambiental, social, econômico e territorial de determinado país.

Ocorre que a ausência do sonho torna desnecessário o planejamento. Planejar o quê, se a ninguém ocorre um desejo, algo que seja comum e todos, o Estado inclusive, persigam. Sem planejamento, os recursos do Estado e as potencialidades da sociedade podem ser investidos em qualquer aventura e a própria aventura pode mudar a qualquer hora. Na ponta dessa história, o impacto é uma zona.

O ideal é que um conjunto de sonhos seja organizado, propõe-se um plano de longo prazo e uma estratégia de alcance de seus objetivos e metas seja colocada em ação.

Você pode ter um sonho de natureza social, vinculado à habitação.

Um econômico, de olho na renda das famílias.

Um ambiental, de preservação da Amazônia.

Um territorial, visando ao desenvolvimento do Nordeste.

Quando organiza seus sonhos em objeto planejado, você dispõe sobre um sistema combinado de metas e objetivos ambientais, sociais, econômicos e territoriais.

Bem, como a única coisa em pé hoje é o plano de contenção de despesas durante os próximos vinte anos, vamos adiar nossos sonhos em duas décadas; nosso planejamento em quatro décadas; depois, teremos objetivos e metas para sessenta ou oitenta anos.

Ou chamamos o gênio, a ver se ele guardou umas garrafinhas para nós.

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